Há oitenta anos nos dava adeus.
Tão jovem, tão linda,
tão velhinha e sofrida.
Suas mãos, bênçãos divinas,
nos presenteou com os mais
belos versos de nossa língua.
Seu corpo transgrediu pela letra
e pela sua voz silenciou,
o feminino,assim, Florbela pintou.
Tão jovem e tão velha,
ó Bela Florbela, que dor
a nossa em não lhe conhecer.
Ficamos aqui, mais velhos e vazios
sem sua arte, como flor que nunca
pôde desabrochar em totalidade.
Então, junta suas mãos ao peito
e com braçadas de crisântemos dorme,
sonha com os velhos poetas,
que aqui continuamos a sonhar
com a nossa grande asceta,
nossa Florbela poeta,
Aqui ficamos a sonhar com ti.
grande poet
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
ELEGIA - "Do sonho que Bela não acordou" (interlocução com poema do espólio de F.Pessoa)
Dorme, dorme, linda princesa
Enclausurada em seu castelo de areia
tens a paz da pantera a caçar pela noite.
Enjaulada no mundo de versos
passeia pela noite afora
em busca de amor na floresta.
Dorme, dorme, irriquita pantera,
que mal pode fazer-lhe
os sons da Charneca e o frio
da noite de luar?
Dorme, dorme, minha poeta
para que de manhã
a sua alma sofrida
a dor não venha mais procurar.
A Florbela Espanca por Michelle Vasconcelos O. do Nascimento.(04.09.2008)
Enclausurada em seu castelo de areia
tens a paz da pantera a caçar pela noite.
Enjaulada no mundo de versos
passeia pela noite afora
em busca de amor na floresta.
Dorme, dorme, irriquita pantera,
que mal pode fazer-lhe
os sons da Charneca e o frio
da noite de luar?
Dorme, dorme, minha poeta
para que de manhã
a sua alma sofrida
a dor não venha mais procurar.
A Florbela Espanca por Michelle Vasconcelos O. do Nascimento.(04.09.2008)
"A mémória de Florbela Espanca"
Dorme, dorme, alma sonhadora,
Irmã gémea da minha!
Tua alma, assim como a minha,
Rasgando as núvens pairava
Por cima dos outros,
À procura de mundos novos,
Mais belos, mais perfeitos, mais felizes.
Criatura estranha, espírito irriquieto,
Cheio de ansiedade,
Assim como eu criavas mundos novos,
Lindos como os teus sonhos,
E vivias neles, vivias sonhando como eu.
Dorme, dorme, alma sonhadora,
Irmã gémea da minha!
Já que em vida não tinhas descanso,
Se existe a paz na sepultura:
A paz seja contigo!
(Poema de autor desconhecido encontrado no espólio de Fernando Pessoa)
Irmã gémea da minha!
Tua alma, assim como a minha,
Rasgando as núvens pairava
Por cima dos outros,
À procura de mundos novos,
Mais belos, mais perfeitos, mais felizes.
Criatura estranha, espírito irriquieto,
Cheio de ansiedade,
Assim como eu criavas mundos novos,
Lindos como os teus sonhos,
E vivias neles, vivias sonhando como eu.
Dorme, dorme, alma sonhadora,
Irmã gémea da minha!
Já que em vida não tinhas descanso,
Se existe a paz na sepultura:
A paz seja contigo!
(Poema de autor desconhecido encontrado no espólio de Fernando Pessoa)
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Poema Velho 2
Passei a procurar o teu olhar por toda a noite.
Procurei-o por entre luzes que iluminavam
os sorrisos no céu.
Encontrei amarguras ao invés da tua ternura.
E as fendas assim se abriram sob os pés
de quem bailava ao som do luar.
E vendavais inundaram aqueles olhares insípidos.
Procurei então pelo teu!
E tornei-me assim o eterno sonhador
que em noite encantadas
às crianças se aproxima.
E a contar belas lendas de amor,
procura o teu olhar perdido,
em algum sorriso infantil.
01/01/2008.
Procurei-o por entre luzes que iluminavam
os sorrisos no céu.
Encontrei amarguras ao invés da tua ternura.
E as fendas assim se abriram sob os pés
de quem bailava ao som do luar.
E vendavais inundaram aqueles olhares insípidos.
Procurei então pelo teu!
E tornei-me assim o eterno sonhador
que em noite encantadas
às crianças se aproxima.
E a contar belas lendas de amor,
procura o teu olhar perdido,
em algum sorriso infantil.
01/01/2008.
Poema Velho 1
Mergulhei nas dobras da minha memória
apostando ouvir no mar o som de tuas gargalhadas
abafadas pelo meu abandono.
E foi percorrendo as imagens turvas de minha mente
que encontrei a tua primeira imagem, com teu sorriso tímido,
e tua última aparição, com olhar enfurecido pelas mágoas dos anos.
Corri, então. Fugi das lembranças de outrora.
Lembranças de tardes ensolaradas
substituídas por noites escuras e gélidas.
E percebi que o amor pode ser sepultado.
E que os amantes guardam amortalhadas
lembranças de um amor que nunca foi
dentro do peito doente insandencido.
02/01/2008.
apostando ouvir no mar o som de tuas gargalhadas
abafadas pelo meu abandono.
E foi percorrendo as imagens turvas de minha mente
que encontrei a tua primeira imagem, com teu sorriso tímido,
e tua última aparição, com olhar enfurecido pelas mágoas dos anos.
Corri, então. Fugi das lembranças de outrora.
Lembranças de tardes ensolaradas
substituídas por noites escuras e gélidas.
E percebi que o amor pode ser sepultado.
E que os amantes guardam amortalhadas
lembranças de um amor que nunca foi
dentro do peito doente insandencido.
02/01/2008.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Confissões para a aurora...
O amor não deu, foi pouco para o nosso amanhecer.
Esperei a aurora, e a cada raio de sol matinal
te vi desaparecer aos poucos, como se sob efeito
de uma nebulosa que dissipa suas luzes em feixes coloridos.
E assim se esvai a nebulosa, e com ela
todo o desejo de permanência, de completude, de infinito.
Ah, se a aurora fosse feita apenas de crepúsculos.
Um crepúsculo após o outro para o nunca amanhecer.
Ah, se a claridade do dia, a mesma que dissipa o teu ser,
fosse apenas escuridão para o meu bem mais querer.
(Julho/2006)
Esperei a aurora, e a cada raio de sol matinal
te vi desaparecer aos poucos, como se sob efeito
de uma nebulosa que dissipa suas luzes em feixes coloridos.
E assim se esvai a nebulosa, e com ela
todo o desejo de permanência, de completude, de infinito.
Ah, se a aurora fosse feita apenas de crepúsculos.
Um crepúsculo após o outro para o nunca amanhecer.
Ah, se a claridade do dia, a mesma que dissipa o teu ser,
fosse apenas escuridão para o meu bem mais querer.
(Julho/2006)
FENDA
Nossos corpos exaustos de amar, inertes,
ansiando pelo último gozo, que não existe,
olham um para o outro, cúmplices,
emudecem no silêncio da manhã.
Bocas entreabertas,
Olhos que gritam desejos
Sorrisos que imploram
Outros sorrisos finitos,
Talvez vindouros
Em uma outra manhã qualquer.
(Dezembro de 2006)
ansiando pelo último gozo, que não existe,
olham um para o outro, cúmplices,
emudecem no silêncio da manhã.
Bocas entreabertas,
Olhos que gritam desejos
Sorrisos que imploram
Outros sorrisos finitos,
Talvez vindouros
Em uma outra manhã qualquer.
(Dezembro de 2006)
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