quinta-feira, 17 de junho de 2010

Confissões para a aurora...

O amor não deu, foi pouco para o nosso amanhecer.
Esperei a aurora, e a cada raio de sol matinal
te vi desaparecer aos poucos, como se sob efeito
de uma nebulosa que dissipa suas luzes em feixes coloridos.
E assim se esvai a nebulosa, e com ela
todo o desejo de permanência, de completude, de infinito.
Ah, se a aurora fosse feita apenas de crepúsculos.
Um crepúsculo após o outro para o nunca amanhecer.
Ah, se a claridade do dia, a mesma que dissipa o teu ser,
fosse apenas escuridão para o meu bem mais querer.
(Julho/2006)

FENDA

Nossos corpos exaustos de amar, inertes,
ansiando pelo último gozo, que não existe,
olham um para o outro, cúmplices,
emudecem no silêncio da manhã.
Bocas entreabertas,
Olhos que gritam desejos
Sorrisos que imploram
Outros sorrisos finitos,
Talvez vindouros
Em uma outra manhã qualquer.
(Dezembro de 2006)